sábado, 16 de agosto de 2008

Fidalguia carioca

Letra e música Mario Vivas

Puxa uma cadeira, faz esse favor / Amigo tenho em ti grande valor
Conta uma notícia do Gonçalo, grande artista / Funcionário da empresa Bom Pastor
Soube que o coitado estava bêbado e foi preso / Acompanhado pelo amigo trocador

Guarde a cerimônia para se casar / Aqui bem sabes é boca de bar
Garçom outra cerveja, um tira-gosto e um encosto / Para o meu amigo não se incomodar
Quem sabe um cavaco incipiente aqui no grêmio portelense / Faz a turma se animar

Vai dar saudade das histórias de outros carnavais / Amenidades por meu bom e velho pai
Que mal se empolga e vem contar de novo / Que o futebol vistoso do ‘Doutor’ jamais
Mereceria um final maledicente / Então reflete que o enfado atualmente
Requer a cura do alambique aqui em frente / Em que resiste uma atendente de fechar os matinais
Querido amigo não nos deixe à revelia / Há um depósito na rua Xavier

Mande alguém buscar da preferida / Companheira e nossa amiga que sustenta-nos de pé
Meu médico recomendou-me férias / Porém nesta panacéia eu deposito a minha fé

Nunca falarão da nossa embriaguez / Pois a razão é toda do freguês
A grana está faltando e há uma greve em algum canto / Creio ser dos servidores federais
E há tempos que o fiado não remonta / Aliás, pendure a conta e não se discute mais

O português da outra esquina já se ofereceu / A abrir o bar para assistir à decisão
E prometeu que vai cobrar barato / P’ra ver Flamengo x Vasco na televisão
Então seu Jorge, pense bem discretamente / Reconsidere a sugestão do seu cliente
A gente aceita ouvir o jogo pelo rádio / Se o senhor vender fiado a cerveja de amanhã.


"Uma das minhas mais antigas e, contudo, melhores composições...
Este chôro é sempre lembrado em festivais, programas de rádio...
É a minha versão contemporânea do clássico 'Conversa de botequim',
do gênio da Vila Isabel, Noel Rosa.
Com uma letra cuidadosamente elaborada,
e uma modulação exaustivamente trabalhada em treze notas para o retorno
ao tom inicial da canção (Querido amigo, não nos deixe a revelia...),
teve duas gravações, a primeira no LuMu, na Tijuca.
Outra, a mais famosa, com Bete Sá na voz e produção de Raimundo Fagner."

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